Educação para o trabalho.
Autora: Gisele Leite
Professora universitária há três décadas. Mestre em Direito. Mestre em Filosofia. Doutora em Direito. Pesquisadora - Chefe do Instituto Nacional de Pesquisas Jurídicas. Presidente da Seccional Rio de Janeiro, ABRADE – Associação Brasileira de Direito Educacional. Vinte e nove obras jurídicas publicadas. Articulistas dos sites JURID, Lex Magister. Portal Investidura, Letras Jurídicas. Membro do ABDPC – Associação Brasileira do Direito Processual Civil. Pedagoga. Conselheira das Revistas de Direito Civil e Processual Civil, Trabalhista e Previdenciária, da Paixão Editores – POA -RS.
Não existe educação neutra[1] e universal posto que
esteja sempre comprometida a atender certos objetivos e valores e ainda
submeter os educandos para que certos fins sejam alcançados. Precisamos
compreender em qual medida a educação pode ser pensada enquanto projeto social
para o trabalho, considerando a profissionalização e o empreendedorismo
gerando pelas necessidades
sociais e econômicas e, ainda, as condições materiais fornecidas pelo
capitalismo contemporâneo[2].
Historicamente, a educação
acompanha o processo de subordinação do trabalho ao capitalismo vigente,
propondo diferentes formações, o que se tornou indispensável aos indivíduos
para que integrassem um sistema produtivo.
Assim, identificamos que
existe necessária forma de educar, havendo um “educar socialmente” por meio do
qual se efetiva, de diferentes modos, a inserção de crianças, jovens e adultos
na vida social, através do trabalho, da profissão e do empreendedorismo e,
ainda, do consumo de certas mercadorias e serviços.
Nesse sentido enfocar e
compreender a política educacional numa sociedade desigual e diversificada tal
como a brasileira, torna-se um desafio. Principalmente, em razão de seu papel
na democratização da estrutura ocupacional que se estabeleceu e deve ser
entendida a partir da articulação de aspectos políticos, sociais e econômicos
de certa conjuntura sócio-histórica.
[1]
Verdade é que não existe a possibilidade de uma educação neutra. Os diferentes
conhecimentos sempre se apresentam permeados por diferentes ideologias. As ideologias
são as diferentes ideias que estão em permanente disputa na sociedade. Quando
se tornam fortes, chamamos as mesmas de ideologias dominantes.
[2]
O capitalismo contemporâneo consagra-se por apresentar um novo modelo de
reprodução do mundo e um novo modelo de acumulação. Ambos, centrado, sobretudo, nos movimentos do
capital financeiro, na circulação de bens e serviços, na informação, na
satisfação e na eficiência, do que situado somente na unidade de produção. Novo
modo de desenvolvimento capitalista, estrutura-se mediante o tratamento da
informação e a introdução de novas tecnologias
a partir da automação das máquinas e sua extensão normativa para os
sistemas virtuais de controle na vida social. Desde a crise financeira de 2008,
o capitalismo volta a ter centralidade nos debates da teoria social. Não só são
feitas análises sobre o futuro do capitalismo, como também sobre as
inter-relações entre as múltiplas crises - econômica, política, ecológica e da
reprodução social - que assolam diversos países capitalistas ricos. Nesse
sentido, é bastante pertinente a colocação de Boaventura de Sousa Santos (2020)
sobre o desvirtuamento do sentido etimológico da palavra crise, que presume ser
algo excepcional e transitório, e passa a ser, com o advento do neoliberalismo,
institucionalizada e normalizada.
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